O ano era de 2020, em plena pandemia, quando lhe começou a crescer o cabelo, após fazer tratamentos para um cancro de mama. Até ali, as pessoas eram atenciosas, por exemplo, na fila do supermercado, uma vez que percebiam que estava sem cabelo devido a um cancro. Mas, a partir do momento em que lhe começou a crescer o cabelo, ainda em tratamentos, mesmo que precisasse de usufruir de prioridade, estando numa fila no supermercado ou outra, ouvia sempre frases como “chica-esperta” ou “se estás assim tão doente vai para casa”, mesmo que mostrasse o seu certificado multiusos, que atestava a sua incapacidade. O testemunho é de Catarina Gestosa da Silva, designer gráfica, professora na Escola Profissional de Tomar e mestranda em Design Editorial no IPT, que desenvolveu o projeto “Comunicar a Incapacidade Invisível”, iniciado nesse mesmo ano.
Afinal, como se consegue viver e comunicar, na sociedade dos nossos dias, uma doença invisível? Este foi o mote para a 1ª Conferência sobre Incapacidade Invisível – Invisible Talks – organizado pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, que teve lugar no Instituto Politécnico de Tomar no dia 4 de abril e que pretendeu ser um marco na sensibilização para a realidade da Incapacidade, mais precisamente a Invisível. “Este projeto é uma missão que vem na sequência desta experiência porque percebi que há muitas pessoas que passam por situações semelhantes. Pela invisibilidade da doença são discriminados”, disse.
– Notícia desenvolvida na próxima edição semanal