“O nosso jornal, ao iniciar a sua publicação, apresenta a toda a população do Concelho de Tomar as suas melhores saudações com um cumprimento especial para todos os tomarenses que os acasos da sorte fazem viver longe da sua terra. Cumprimenta também as autoridades e corporações públicas, os seus colegas de imprensa e os seus estimados colaboradores, assinantes e anunciantes.” Era assim que o nosso semanário se apresentava ao mundo no domingo, 17 de março de 1935. Foi neste dia que o Jornal “Cidade de Tomar saia para as bancas pela primeira vez, sob direção de Libério Mourão (Diretor e Editor) com administração de Manuel Torres Campos. Era composto e impresso na Tipografia e Papelaria “A Gráfica” com telefone 54, sita na Rua Infantaria 15, e propriedade da Empresa Editora “Cidade de Tomar”, na altura ainda em organização. O preço era de 50 centavos.
Dizem que os jornalistas não devem ser notícia, mas teremos que abrir uma exceção: celebrar 90 anos de uma história sólida e ininterrupta de jornalismo de proximidade – ou seja o jornal nunca deixou de sair para as bancas ao longo de nove décadas – mantendo-se fiel à missão de informar e acompanhar a evolução da cidade e da região, é obra. Numa altura em que a comunicação assume novos desafios, o jornal continua a ser um elo vital entre os tomarenses, as suas histórias e as suas vozes. Há um passado a honrar.
Reproduzimos, por isso, a “SINFONIA DE ABERTURA que constava neste primeiro número. “É hábito velho que no primeiro número de qualquer jornal se venha dizer das razões que ocasionaram o seu aparecimento e, frequentes vezes, se venha traçar um largo e longo programa, realizável ou não consoante as fáceis ou difíceis condições em que o periódico for vivendo. Sabe-se que nada há pior que certo hábitos inveterados e quanto é difícil romper com eles quando se quere sair fora das normas preestabelecidas. Por nossa vontade apresentar-nos-íamos com singeleza, sem outra explicação que não fosse a de comunicarmos, leal e sinceramente aos leitores, as nossas sãs intenções. Fazermos o auto-elogio dos nossos próprios esforços, parece-nos ridículo pretensiosismo em que não desejamos cair. A que vimos então? Que desejamos dizer neste artigo? Qual a missão a que se propõe o nosso jornal? Muito simplesmente as poucas palavras que seguem: ser um propugnador, sincero e consciente, das realizações regionais; exercer uma forte e sólida ação construtiva com todos os bons espíritos que se dediquem à magna e grata tarefa da defesa dos interesses coletivos; realizar uma critica serena e produtiva, fora e acima dos diversos particularismos que enxameiam a vida contemporânea. Pretende muito? Pretende pouco? Os leitores o poderão dizer no exame que realizarem, à maneira que o nosso jornal for desenrolando a sua ação. O que podemos afirmar antecipadamente é que pretendemos que essa ação dignifique a vida regional visto que ela é uma das parcelas constitutivas desse formoso concelho.”