A Fotografia Victor, rua Everard (Levada), encerrou no fim do mês de setembro. Foram 44 anos deste espaço comercial dedicado à fotografia que tinha como rostos Vítor Conceição, 71 anos, e Amélia Conceição, 69 anos. O Jornal/Rádio Cidade de Tomar falou com o casal sobre esta sua vida profissional dedicada à fotografia.
A fotografia entrou na vida de Víctor Conceição aos onze anos em Fátima. Natural de Tomar, quando a mãe necessitou de uma intervenção cirúrgica, Vítor foi para casa de um tio em Fátima, tio que trabalhava na área da fotografia e nos primeiros tempos fazia as fotos à luz de um candeeiro de petróleo.
Entretanto, foi também em Fátima que conheceu Amélia, natural de Trancoso, que tinha estado em Angola e depois do irmão casar com uma senhora de Fátima, veio também para esta localidade.
Depois de casarem vieram para Tomar, onde se estabeleceram, há 44 anos, abrindo o espaço Fotografia Victor. Estão, portanto, casados há tantos anos como possuem a loja, ou seja, têm uma vida em comum há 44 anos, tanto em termos pessoais como profissionais. Quando abriu esta loja, Víctor Conceição já levava 16 anos dedicado à fotografia.
Embora a loja tivesse começado noutro espaço, situou-se sempre nesta rua, a rua Everard. Chegaram, também, a ter outra loja no Centro Comercial Templários, que fechou com o declínio deste espaço.
Víctor Conceição recorda que começou com a revelação das fotos na câmara escura e acabou no computador. Uma das coisas que mais lhe dava prazer era retocar as fotos estragadas pelo tempo. “Comecei a fazer retoques nas fotos há muitos anos, antes com uma espécie de lápis no negativo e depois na foto, atualmente, fazia no computador. Ainda gostava de montar um ampliador e fazer como antigamente”, salienta.
Dos principais trabalhos que fizeram, destacam os casamentos, em que, muitas vezes, os noivos casavam num sábado e queriam as fotos logo para o sábado seguinte, o que, por vezes, era complicado, pois, na data, o equipamento existente não era igual ao de hoje.
Recordam também os muitos amigos que fizeram entre os clientes, sobretudo emigrantes, que todos os anos passavam na loja para os cumprimentar.
Amélia diz que uma das coisas que mais lhe deu prazer fazer foi fotografar gerações de famílias, os pais, os filhos, os netos e bisnetos.
Mas como nem tudo são rosas, como se costuma dizer, a sua vida profissional também foi marcada por alguns incidentes.
Segundo Víctor Conceição, “um desses episódios foi num casamento. No momento das fotos, surgiu um convidado que só andava atrás de mim a dizer, ‘vamos comer’, disse tantas vezes que eu fui ter com os noivos e disse-lhes, ‘ou o mandam calar ou vou-me embora’. Então os noivos lá lhe disseram para ele ir andando para o restaurante”.
Amélia também recorda um problema com uma cliente: “Uma vez uma senhora fez fotos num rolo e depois, voltou a colocar o mesmo rolo e fez novas fotos, ou seja, ficou com as fotos sobrepostas, e a senhora ia partindo a loja a teimar comigo que o erro tinha sido meu, que eu é que tinha sobreposto as fotos. Essa senhora esteve muito tempo sem ir lá à loja e depois voltou, mas eu questionava-a sempre se tinha usado o rolo só uma vez”.(…)
Entrevista na íntegra na edição impressa de 4 de outubro.