Quase a terminar o mandato dos atuais órgãos sociais do Centro de Integração e Reabilitação de Tomar (CIRE), o “Cidade de Tomar” falou com a presidente da direção, Célia Bonet, sobre o que foi feito durante estes quatro anos, o que falta fazer e os projetos futuros.
Cidade Tomar – Quase a terminar o mandato dos atuais órgãos sociais do CIRE, que balanço faz do trabalho realizado?
Célia Bonet – O tempo passou muito rapidamente para tanto que precisávamos de fazer. A direção é voluntária na instituição, não recebendo ordenado nem qualquer apoio direto ou indireto. Tudo o que conseguimos fazer, foi feito conciliando as nossas atividades profissionais e por isso com menos tempo disponível para a nossa missão. Um agradecimento a todos os elementos dos órgãos sociais que deram o melhor de si e se entregaram de forma abnegada com objetivo de melhorar as condições de quem necessita de usufruir dos serviços do CIRE. Apesar de sermos pessoas exigentes e querermos fazer sempre mais, estamos muito satisfeitos com o resultado destes quatro anos de trabalho. Não quisemos causar grande alarido, perante a situação difícil que encontrámos, para não causar instabilidade nos funcionários que poderia impactar nos nossos utentes. Sabíamos que era uma tarefa para se fazer com determinação, mas com delicadeza para não provocar turbulência. Ponderámos muito bem antes de tomarmos decisões e, quando o fizemos foi com grande convicção. Estamos a reestruturar a instituição em várias áreas. No quadro de pessoal que era desajustado, iniciámos um percurso de redução de trabalhadores em áreas não fundamentais, transferindo entre valências, aproveitando saídas para a reforma e negociando por mútuo acordo. Fizemos várias obras de requalificação, de melhoria de eficiência e também de manutenção de equipamentos. Implementámos uma cozinha própria, dispensando a empresa que durante anos serviu mal a instituição e, assim também aumentámos muito a qualidade das refeições. Apostámos na transparência, adotando o Código da Contratação Pública para as aquisições de bens e serviços. Nesta mesma linha fizemos contratações de pessoal com clareza e lisura dando sempre a oportunidade aos trabalhadores da instituição e só posteriormente com abertura de candidaturas para o exterior. Elaborámos duas candidaturas a financiamento da comunidade europeia com sucesso e, vamos apresentar as duas obras finalizadas brevemente, que ficarão ao serviço da comunidade tomarense. Aumentámos o património da instituição em aproximadamente um milhão de euros. Muito foi feito, mas ainda há muito trabalho para fazer para que a instituição fique organizada e com uma maior sustentabilidade.
– A nível financeiro, qual é a situação do CIRE?
– Iniciámos o mandato com enormes dificuldades financeiras, incapacidade para solver os nossos compromissos e sem possibilidade de recorrer à Banca. Fizemos um acordo de pagamento ao Estado, renegociámos o endividamento com os Bancos de modo a melhorar a tesouraria e iniciámos de imediato a reestruturação da instituição. Um dos grandes desafios, foi adequar os recursos humanos às necessidades, respeitando os trabalhadores e os seus direitos laborais. O excesso em algumas áreas causava dois problemas: custos elevados com pessoal e injustiça com os utentes, pois o montante mal gasto em custos com pessoal é um valor que não é aplicado em terapias para responder às suas necessidades. Para dar uma ideia, só a nível administrativo, até ao final deste ano, reduzimos seis pessoas que representam uma poupança anual de aproximadamente cem mil euros. Este processo está a ser feito em todas as áreas com grande apoio dos trabalhadores que têm estado disponíveis para abraçar novos projetos dentro da instituição. Por erros de gestão, o CIRE teve de devolver mais de cento e cinquenta mil euros ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, ou seja, valor perdido definitivamente. A contratação de bens e serviços, efetuada durante anos não cumpriu as regras do Código da Contratação Pública e, isso teve consequências devastadoras que estamos ainda a resolver com muita dificuldade e que piorou muito a tesouraria. Denunciámos a empresa que servia as refeições e que cobrava vinte e cinco mil euros anuais em refeições que não fornecia. Foi-nos dada razão e a empresa restituiu um ano desse valor faturado a mais. No entanto, o tudo o que tinha sido pago indevidamente em anos anteriores foi perdido pois tinha havido a anuência da Direção anterior. Todas estas situações, entre outras, levaram a instituição a dificuldades financeiras que tinham de ser resolvidas com determinação. Com as medidas implementadas nas diversas áreas, a instituição está a reerguer-se financeiramente, está mais robusta e num futuro próximo vai ficar equilibrada. (…)
Entrevista na íntegra na edição impressa de 29 de novembro.