O médico José Cunha é o Delegado de Saúde e Coordenador da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo, onde está desde 2016, passando a exercer o cargo após a saída da anterior coordenadora M.ª dos Anjos Esperança, que se aposentou. Natural de S. Tomé e Príncipe, vive há muitos anos em Portugal e especializou-se em Saúde Pública. O Jornal/Rádio Cidade de Tomar falou com o médico que nos falou do funcionamento da USP do Médio Tejo, do seu cargo e até da sua passagem pela Rádio no seu país natal.
– É atual Delegado Saúde Pública do Médio Tejo, como foi o seu percurso até chegar aqui à nossa região?
– Eu sou médico, médico de Saúde Pública, de especialidade, sou o coordenador da Unidade de Saúde Pública no Médio Tejo (USP), em substituição da anterior coordenadora, a Dra. M.ª dos Anjos Esperança, a quem, desde já, faço a minha homenagem. Eu fiz a minha formação académica em Portugal, depois de um percurso prévio. Sou natural de S. Tomé, mas estou cá já há muitos anos, fiz cá parte do Secundário, fiz cá a Faculdade. Já em S. Tomé trabalhava na área da Educação para a Saúde, era técnico audiovisual, sou, para todo o efeito, porque o que se ganha como formação, nunca se perde. Desde muito cedo interessaram-me as questões que diziam respeito à Saúde Pública. No âmbito da Educação e promoção da Saúde, enquanto técnico audiovisual, tinha a responsabilidade de fazer passar mensagens esclarecedoras para a população, para uma população que, em certa medida, tinha uma baixa literacia, significava passar uma mensagem simples para atingir os objetivos a que nos propúnhamos, na altura o contexto era diferente, mas um problema de saúde é sempre um problema de saúde, onde quer que seja, onde quer se esteja e, desta maneira, cumpri a minha função.
– O interesse pela Saúde começou assim?
– Sim, foi desta maneira que ganhei o “bichinho” da Saúde, achei que era muito mais útil, além de fazer aquilo que produziam e me davam, mas também ser eu próprio o organizador deste tipo de ideias com base no conhecimento que eu depois vim adquirindo com formação académica que fiz na área da Medicina, com clara vontade de seguir o caminho da Saúde Pública, onde estou até agora. Numa fase inicial passei algum tempo ausente da Saúde Pública, quis ganhar alguma experiência na Medicina Geral e Familiar, durante cerca de 12 anos em Almada e depois vim para o Médio Tejo, na altura em que abriram concurso e eu pensei que era a hora de retomar a minha atividade da especialidade e vim para o Médio Tejo em 2016, onde continuo até agora. Inicialmente, foi um pouco mais complicado, a primeira etapa de qualquer coisa é a vontade e depois as pessoas, as pessoas é que fazem com que nós nos mantenhamos num lugar, como diz o ditado “mais do que os lugares, são as pessoas”. E foi desta maneira que, desde 2016, estou no Médio Tejo, mais concretamente, no Entroncamento, sendo Delegado de Saúde de Tomar, Entroncamento, Vila Nova da Barquinha e Ferreira do Zêzere e sou coordenador da Unidade de Saúde Pública.
– São muitos concelhos para percorrer?
– São muitos concelhos, mas há muita vontade e, quando existe vontade, os concelhos são poucos para a extensão que se tem em termos territoriais. Depois, o tempo para fazer as coisas existe, algumas delas precisam do ontem, mas conforme for melhorando a literacia das pessoas, o ontem passa a ser a todo o instante e a resposta passa a ser também breve, porque as próprias pessoas, com capacidade, com informação, ajudam a que os processos se façam de uma forma própria.
– Como é o seu dia a dia?
– O meu dia a dia, é um dia a dia de um profissional que, estando inserido numa área geográfica extensa, tenta suprir o que é possível. A Unidade de Saúde Pública é uma unidade multidisciplinar, é uma unidade que é constituída por médicos, enfermeiros, assistentes técnicos, por higienistas orais e por técnicos de Saúde Ambiental que fazem o rastreamento das condições higieno-sanitárias e outras atividades inerentes à atividade da Saúde Pública. A Saúde Pública é comunitária, daí funcionarmos com essas múltiplas valências que nos permitem fazer um levantamento mais claro das situações que ocorrem nos concelhos que fazem parte da ULS Médio Tejo. (…)
Ana Isabel Felício/José António
Entrevista completa na edição impressa de 23 de fevereiro.