Casimiro Ramos: “Era impossível num único hospital ter todas as valências e a capacidade de resposta que temos com as três unidades”

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Casimiro Francisco Ramos, presidente do Centro Hospitalar do Médio Tejo, 54 anos, natural de Arruda dos Vinhos, onde foi vereador em dois mandatos, é diplomado em Estudos Avançados com Doutoramento em Gestão Estratégica pela Universidade de Sevilha e licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE. Foi deputado na Assembleia da República (1998 a 2001). É casado, tem duas filhas, vive em Torres Vedras, gosta de música e faz coleção de instrumentos musicais, entre outros hobbies. Em junho completa um ano do cargo de presidente do CHMT, um cargo de continuidade, que vem no seguimento do anterior presidente, terminando, por esse motivo, o mandato em dezembro deste ano.

Cidade Tomar – A anterior gestão do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) apostou na aproximação da comunidade ao Centro. Vai dar continuidade a esse trabalho?

Casimiro Ramos – Não tenho esse feedback da anterior gestão, mas agora procurarei introduzir a minha forma de gerir organizações. Se é uma continuidade ainda bem, gosto dessa proximidade, dessa ligação às instituições que fazem parte da comunidade que, no fundo, governa a região nas diversas áreas, desde a educação, à saúde, às autarquias, às instituições de solidariedade social e depois às pessoas. Trabalhamos para as pessoas, todas as pessoas que chegam a qualquer uma das nossas unidades hospitalares são um familiar meu. Não o conheço, não sei de onde vem, mas é como se fosse um familiar meu. E no que diz respeito aos colaboradores, ninguém entra para o CHMT e ninguém sai sem falar comigo. Uns para dar as boas-vindas e dizer para o que aqui estamos e outros para agradecer em nome da população por aquilo que foi a sua dedicação.

– Da área da Gestão de Empresas, quando é que a Saúde entra na sua vida?

Como profissional ligado à Saúde foi em 2008 quando fui para vogal da ARS, foi aí que comecei a ter um contato mais profundo. Tinha, na altura, o pelouro da área financeira na ARS Lisboa e Vale do Tejo, mas também tudo o que era a contratualização, na época, daquilo que foram as parcerias público-privadas em nome do Governo, nomeadamente os hospitais de Loures, Vila Franca de Xira e de Cascais, o que me fez entrar mais por dentro da gestão hospitalar. Depois houve mais coisas, nomeadamente em Torres Vedras em que elaborei um projeto de reabilitação e recuperação de um hospital que estava fechado, que é o Hospital do Barro, e que, em princípio, é para seguir com esse projeto com quem lá está agora.

– Faz sentido a filosofia da gestão a quem é de gestão e saúde a quem é da saúde?

É uma temática que eu gosto de abordar, até quando estou na área do ensino coloco a questão: Pode um gestor, sem conhecimentos técnicos de uma área, desempenhar um bom trabalho, quando carece de conhecimentos muito específicos? Eu considero que só consigo desenvolver um trabalho, eu ou qualquer gestor, se conhecer minimamente a linguagem técnica daquilo que se está a gerir. Há dois tipos de atividades que são particularmente globais, uma é a gestão hospitalar e a outra a gestão hoteleira. Ambas têm parecenças, uma é para o lazer e outra para cuidar da saúde, mas o lazer também cuida da saúde, ambas trabalham 24 por dia, no entanto, sendo negócios diferentes, é importante conhecer a linguagem técnica e, no que diz respeito à saúde, e porque estamos a tratar de sofrimento e de salvar vidas, temos de conhecer a linguagem do funcionamento, da organização, das complexidades que tem para poder gerir de uma forma humana, que é disso que se trata. Para gerir é preciso uma habilidade que é o relacionamento e criar empatia. Quem não consegue ser uma boa pessoa, que não seja agradável no trato, que não seja um bom comunicador ou que não saiba ouvir, pode ser um excelente técnico, mas se não tem essas capacidades, é difícil gerir algo. (…)

Ana Isabel Felício/Elsa Lourenço

Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 1 de abril.

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