André Duarte, tomarense, viveu alguns anos em Lisboa e regressou à sua terra natal com o objetivo de avançar com um projeto intitulado Cheezu, na área alimentar. Estava, portanto, a trabalhar neste seu projeto, quando a invasão da Ucrânia aconteceu e foi contatado por um amigo para partirem até à Polónia numa missão humanitária. O “Cidade de Tomar” falou com o André Duarte, via telefone, no passado sábado, dia 12 de março, que nos falou desta missão.
Cidade Tomar – Como surgiu esta viagem até à Polónia?
André Duarte – Fui contatado pelo meu amigo Nuno Nicola Covacich, que vive em Lisboa e trabalha na área farmacêutica e que já vivenciara um conflito armado, para irmos até à Polónia lançar uma aplicação (HEROWS – Humanitarian Eletronic Relief of War Saviors) que ajudasse as pessoas no processo de migração e também que ajudasse no acesso a alimentação e ajuda médica. Aceitei o convite e partimos os dois para Przemysl.
– E quando chegaram, com o que se depararam?
– Chegámos no dia 4 de março e visitámos a estação de comboios que tem sido alvo de reportagens e aqui deparámo-nos com uma situação caótica e desoladora, deparámo-nos com mulheres, mães com dois ou três filhos, apenas com um saco na mão. Esta estação estava lotada, pois aqui chegam pessoas de várias formas, há quem alugue táxis para aqui chegar. Aí fomos falar com a Cruz Vermelha e vimos que havia uma série de coisas que não tinham, por isso, fomos às compras e entregámos uma série de bens necessários. Aqui conhecemos uma jornalista francesa que nos levou até à fronteira de Medyka.
– E qual foi o cenário que aí encontraram?
– Mais uma vez, um cenário desolador, com filas e filas de pessoas a atravessar a fronteira a pé, em carros particulares, de todas as formas. Em Medyka encontrámos uma ONG (Organização Não Governamental) que se encontrava a empacotar alimentos e bens para a Ucrânia, mas só estavam duas pessoas nesta tarefa e, então, ficámos ali para ajudar a carregar as carrinhas, dobrar cobertores… Aí, uma pessoa que era coordenadora da Cruz Vermelha Polaca das operações naquele sítio, sugeriu que fossemos para o local para onde eram levadas as pessoas e deu-nos a morada. Foi, então, que chegámos ao Tesco, a 12 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, um antigo centro comercial transformado, pela câmara local, em centro de refugiados, onde estavam cerca de 4500 a 6000 pessoas. (…)
Foto: SIC
Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 18 de março.