Joaquim Patrício, 85 anos, natural do Caniçal, foi Comandante dos Bombeiros de Tomar até 2002, altura em que se deu início à reestruturação das carreiras dos bombeiros municipais, que dariam lugar à criação do primeiro quadro oficial de Bombeiros e a sua primeira grande reorganização, com a manutenção da Central de Comunicações e de Operações de Socorro Distrital – que se manteria no Quartel dos Bombeiros de Tomar, até setembro de 2009. Dedicou 38 anos da sua vida aos Bombeiros de Tomar e diz que sempre encarou a missão com rigor. Se tivesse de voltar atrás, garante que fazia tudo igual.
Cidade Tomar – Joaquim Leonardo Patrício, natural do Caniçal, como é que foi a sua infância?
Joaquim Patrício – O meu pai morreu quando eu tinha onze anos e, a partir daí, fui para um balcão vender vinho e café, na “Casa Salgado”, que era do meu tio e padrinho que nos ajudou muito. Eu e o meu irmão, que já faleceu, ajudávamos muito a família, pois tínhamos de apoiar quem nos apoiava. Ali estive até ir para a tropa. Estive três anos no Regimento de Infantaria de Tomar. Depois da tropa veio o casamento e os filhos. Tenho dois filhos e quatro netos.
– E depois da tropa?
– Depois da tropa fui trabalhar para um armazém de mercearias – o Luís Lopes Cardoso – tendo, mais tarde, ficado com um estabelecimento de mercearias e vinhos na Rua São Sebastião, num edifício que já foi demolido. Eu era cliente do Martins e Rebelo (Armazém de Lacticínios) e, numa certa altura, surgiu um convite para substituir o vendedor, e eu aceitei, naquela altura beneficiei socialmente e financeiramente. Servi esta empresa durante 18 anos.
– E como é que surge a sua ligação aos Bombeiros de Tomar?
– Na data, eu morava na rua dos Arcos, já estava estabelecido por conta própria, e tinha o meu armazém em Marmelais. Como disse, morava na rua dos Arcos, a trinta metros dos Bombeiros que, na data, eram onde é hoje a Santa Casa da Misericórdia. Aí começou a minha ligação aos Bombeiros, porque depois da tropa, os meus três amigos, Alfredo Oliveira, Mário Melo e o Mário Nunes, já bombeiros, começaram a chamar-me para ir ter com eles aos Bombeiros e assim comecei a frequentar a corporação. Todos os dias, saía do serviço, ia a casa, jantava e ia para os Bombeiros. Isto no ano de 1965 e, em setembro desse mesmo ano, acabei por inscrever-me nos Bombeiros. A recruta já foi feita no quartel novo, em 72/73. Em 1976 fui promovido a bombeiro de terceira classe. No quadro ativo só estive em bombeiro de terceira classe e daí passei para adjunto do Comando. O Comandante, na data, era o João Tomás da Silva. Eu entrei para adjunto do Comando e o Mário Nunes para segundo Comandante. Formámos uma dupla durante vinte anos. (…)
Ana Isabel Felício/Elsa Lourenço
Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 4 de março.