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Filipe Lopes tem dedicado anos de trabalho à promoção do gosto pela leitura

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Ana Isabel Felício
Ana Isabel Felício
Comecei a trabalhar no Jornal Cidade de Tomar em 1999. Já lá vão uns anitos. Depois de sair da Universidade e de todas as dúvidas e dificuldades que surgem, foi-se construindo um caminho de experiência, com muitas situações, muitas pessoas, muitas aventuras e, claro, muito trabalho. Ao fim de todos estes anos, apesar de todos os percalços que a vida nos vai dando, cá estou, todos os dias a fazer o meu trabalho o melhor que sei, aprendendo com os que me rodeiam e também ensinando alguma coisa.

É irmão de outros dois “Lopes” da cidade, conhecidos pela sua vertente artística, cultura e, claro, pela escrita. Falamos de Filipe Lopes, tomarense, mas que tem andado um pouco por todo o lado, com os seus projetos de promoção do gosto pela leitura.

Cidade Tomar – É tomarense, mas o seu percurso tem sido muito por outros lados…

Filipe Lopes – Sim, houve um período em que estive a viver cá, depois da Universidade, mas o meu trabalho tem sido de andarilho pelo país todo. Tenho feito um pouco de tudo, desde divulgador cultural, já fiz rádio, também passei por jornais, o meu objetivo foi sempre trabalhar para promover o gosto pela leitura, leitura que sempre fez parte da vida do meu pai e irmão mais velho. Acho disparatado quando oiço alguém dizer que não gosta de ler, não gostam porque talvez ainda não encontraram o livro certo.

– Como é que se faz este trabalho de promover o gosto pela leitura?

É um trabalho que se faz de várias formas. Em programas de rádio costumava divulgar poesia, depois passámos para recitais ao vivo e, entretanto, criámos o “Contador de Histórias”. Na data, não eramos contador de histórias, mas por causa do nome, começámos a contar histórias.

– E consegue-se viver apenas a contar histórias?

É complicado. Já fiz outras coisas. Trabalhei um ano e meio num call center de um catálogo de roupa e foi uma experiência interessante, através da qual aprendi muitas coisas. Aprendi qual é a cor fúschia, aprendi os tamanhos da roupa feminina e muita coisa. Atendia muitos telefonemas de mulheres que ficavam surpreendidas com a voz masculina, pois estavam à espera de uma voz feminina. Era para ser um trabalho temporário de dois, três dias, mas acabei por ficar mais tempo e, entretanto, acabei por ser convidado para a área de marketing da empresa. Por isso é que defendo que devemos fazer o melhor possível por onde quer que passemos. Na área de marketing desta empresa fiquei responsável pelas cartas de promoções que se enviam aos clientes, o que também me permitiu contar histórias e ser criativo. Mas, respondendo concretamente à questão, viver-se da arte de contar histórias, bem, é possível sobreviver se tivermos a sorte de ter familiares que aceitam esta vida, difícil de prever em termos financeiros, e de aceitarem as constantes deslocações.

Ana Isabel Felício/Elsa Lourenço

Uma entrevista para ler na edição impressa desta semana, 5 de novembro.

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