A tomarense Isabel Baltazar foi uma das homenageadas no Dia do Concelho, 1 de março, recebendo a Medalha de Honra do Município de Tomar. É autora de várias obras sobre a Europa, é investigadora, vive em Lisboa, mas diz que as suas raízes estão em Tomar. O “Cidade de Tomar” falou com esta tomarense que se considera uma “sonhadora”.
Cidade Tomar – A Isabel Baltazar é tomarense. Fale-nos um pouco da sua infância…
Isabel Baltazar – Nasci em Tomar, na Clínica de Santa Iria, e, nesta cidade vivi até atingir a maioridade e ir para a Universidade. A minha infância foi feliz, rodeada de histórias, contadas pela minha avó materna, e, de muitos livros, porque os meus pais tinham uma livraria – Livraria Raiz – onde passava muito tempo depois da escola, com a minha tia que lá trabalhava. Nesta livraria, cresci rodeada de livros, uma paixão que durou até aos dias de hoje! Lembro-me que nesta livraria havia livros e discos de oposição ao regime, e, figuras, como o Zeca Afonso, passaram por lá e deixaram as suas ideias, e, os seus autógrafos. Até me lembro, que o espaço da livraria era dividido por uma cortina, não uma cortina de ferro, mas uma cortina da liberdade. Havia o espaço público e outro espaço- o privado- que tentava fugir à censura. Aprendi a História do Estado Novo e, depois, a do 25 de Abril, a da Liberdade, porque em 1974, estava na Escola Primária. Todas vestíamos batas brancas e, com a mudança da página da história, deixámos o ensino com bata e para meninas, para um ensino misto e sem uniforme. Vivi dois tempos, no mesmo tempo na minha meninice da Escola Primária. Tinha oito anos e não me lembro de mais. Esta paixão pelos livros foi-se agravando, e, tornei-me uma compradora de livros inveterada desde os meus 16 anos, pedindo em casa, que o meu quarto tivesse a cama muito pequena, para as estantes dos livros muito grandes, e, a ocuparem o espaço principal. Tinha outra paixão: ouvir música clássica! Ler e ouvir música eram (e continuam a ser) o meu mundo de elevação! Tudo era mágico e conversava com os autores, com os poetas, filósofos e historiadores, ao som da batuta dos maestros que me levavam ao mundo dos sonhos! E foi este mundo, tão cheio de beleza e de harmonia, que guiou toda a minha vida. Fiquei a acreditar que era possível trazer essa beleza para a vida e que podíamos construir um mundo melhor, com Ética e Valores, com uma Europa a ser um Farol de Democracia, Liberdade e de Direitos Humanos para o resto do mundo. A beleza salvará o mundo! Por isso, vivo cada dia a tentar pintar um quadro a cores, que inspire os que por mim passam, a darem uma pincelada nesta obra de arte que é a vida! (…).
Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 16 de julho.