“O processo de regionalização é crucial para o distrito de Santarém”

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Hugo Costa, 37 anos, deputado e economista natural de Tomar, foi eleito no passado dia 18 de julho, para o cargo de presidente da Federação Distrital de Santarém do PS, com 98% dos votos, sucedendo a António Gameiro. O novo presidente da Distrital do PS de Santarém esteve nos estúdios do Jornal e Rádio “Cidade de Tomar” para revelar um pouco mais sobre o que se segue nos dois anos de mandato que tem pela frente.

Jornal Cidade de Tomar – Foi recentemente eleito Presidente da Federação Distrital do PS. Sente o peso da responsabilidade?

Hugo Costa – É uma responsabilidade que assumo com muita convicção, com muita vontade de ajudar o Partido Socialista (PS) e o distrito de Santarém nos próximos dois anos. É um objetivo que tenho. Mais do que responsabilidade é a convicção que, com proximidade, com confiança dos militantes do distrito de Santarém – e o resultado foi inequívoco – conseguiremos alcançar os objetivos.

Estava à espera deste sinal claro e inequívoco de confiança por parte dos militantes? Estamos a falar de 98% de votos, foi quase consensual… Isto é, de certa forma, gratificante?

Eu acredito que, quando alguém se candidata a uma determinada função, podem existir sempre, em democracia, propostas alternativas. O Partido Socialista é um partido democrático. No distrito de Santarém apareceu apenas uma candidatura. O sufrágio, em voto secreto por 98% dos militantes votantes do Partido Socialista e que se dirigiram às urnas – com uma participação que considero bastante positiva – é uma demonstração de confiança mas também uma demonstração de responsabilidade para mim e para aquela que vai ser a equipa que eu vou apresentar para dirigir a Federação nos próximos dois anos. Ninguém faz nada sozinho, é um trabalho de equipa. No próximo mês de setembro vamos ter o Congresso Distrital. Nele vamos sufragar aquela que será a equipa para os próximos anos. Acredito que, tendo como base essa equipa, vamos conseguir realizar os objetivos.

Esta eleição que decorreu a 18 de julho, teve uns contornos diferentes uma vez que o processo eleitoral foi interrompido pela pandemia. Isso nunca o desmotivou? Como lidou com esta questão?

Foi, antes de mais, com naturalidade. Relembrar o processo. Tornei pública a minha candidatura em janeiro deste ano, atendendo a um conjunto de avaliações que fiz do distrito e da minha condição para se fazer uma candidatura forte e consensual no distrito. Foi uma decisão pessoal e coletiva. Apresentei, posteriormente, a candidatura em fevereiro. Estávamos em pleno processo de ir a todas as concelhias fisicamente quando percebemos os efeitos da pandemia do Covid-19. Percebi também, rapidamente, que não havia condições para fazer as eleições no dia 14 de março, a primeira data em que estavam marcadas, mas também defendi, que a pandemia não suspendia a democracia. E por isso, desde cedo, a candidatura continuou, ao longo dos meses a fazer debates, esclarecimentos, iniciativas, recorrendo às vias digitais, vias que eu mantive em toda a campanha. Mesmo quando o processo eleitoral foi reaberto, foi sempre por via digital. Ou seja, foi certamente a campanha mais longa da História da Federação Distrital do Partido Socialista. Obviamente que, com muita preocupação com aquela que era a situação do país e do mundo e do distrito de Santarém. Existia uma pandemia que era necessária combater. Continua a ser combatida e para isso também a política é importante. Existem questões sociais e questões económicas muito complicadas, que importam trabalhadas,

Qual foi o seu percurso político até ter sido eleito presidente da Federação do PS em Santarém? Esta eleição também acabou por ser uma consequência natural de todo este percurso que já leva na política?

Penso que foi uma vontade coletiva de um conjunto de pessoas que me levou a ser Presidente da Distrital. Em primeiro lugar, ninguém toma a decisão de ser Presidente da Distrital e avança para uma candidatura destas sozinho. Foi uma vontade coletiva e também resulta da minha própria vivência política. Comecei muito novo nas lides políticas. Coordenei a Juventude Socialista de Tomar, fui membro do Secretariado Nacional da Juventude Socialista durante 6 anos, fui Presidente da Distrital da Juventude Socialista de Santarém, sou Deputado Municipal em Tomar, sou membro da Assembleia Intermunicipal do Médio Tejo. Tenho vivenciado várias funções políticas, quer distritais, quer nacionais, dos Órgãos nacionais do Partido Socialista e dos Órgãos distritais do Partido Socialista. Nas últimas legislativas, coordenei o programa eleitoral do PS no distrito de Santarém. Sou deputado desde 2015. Já tinha sido candidato a deputado nas eleições legislativas de 2011, mas fui eleito em 2015 e reeleito em 2019.
Neste mandato coordeno o Partido Socialista na Comissão de Economia, Inovação Obras Públicas e Habitação, além de fazer parte da Comissão de Orçamento e Finanças, ou seja, Comissões muito centradas na parte económico-financeira. No mandato passado estive muito ligado à Comissão de Economia, mas também à coordenação do Partido Socialista na Comissão de Inquérito das Rendas excessivas aos produtores de eletricidade – que nos dias de hoje estão na opinião pública devido ao processo que tem um conjunto de arguidos – eu coordenei o PS nessa comissão de inquérito. Foi, na altura um desafio muito grande. Ser candidato a presidente da Federação do Partido Socialista, neste momento, era o natural. Adveio de um conjunto de solicitações e de apoios generalizados ao longo do distrito de Santarém, de Mação a Coruche, que me levou a esta candidatura, com os resultados que depois foram evidenciados, sabendo eu que o trabalho começa agora e é por isso que eu serei julgado.

Quais é que são as principais bandeiras que vai defender no distrito?

Temos que olhar para o distrito de Santarém com as alterações que esta pandemia nos colocou. Na primeira versão da minha moção esta matéria não estava focada. Para o Congresso Distrital, apresentarei uma adenda para estas questões da pandemia, porque o distrito de Santarém, assim como todo o país tem de ter uma resposta económica e social forte a esta pandemia. Não podemos permitir que as desigualdades cresçam. Não podemos permitir que a uma crise sanitária venha seguir-se uma crise social gigantesca. Esse é um grande desafio. A nível de bandeiras, a regionalização é crucial. Basta perceber que acabaram com os Governos Civis sem regionalizar. Exemplo. Na atual situação pandémica – o governo foi forçado a nomear responsáveis regionais para a questão do covid – o que demonstra que há um vazio. E esse vazio tem de ser preenchido com um. Ou seja, é necessário um poder com legitimidade, que seja exercido do ponto de vista intermédio. Só assim é que o distrito de Santarém pode atingir bons patamares. Com a região oeste podemos desenhar uma futura região que apanhe os 21 concelhos do distrito de Santarém e o oeste. Só com o poder regional podemos ser ouvidos em Lisboa. Eu costumo dizer que quero ser a voz do distrito de Santarém em Lisboa e não a voz de Lisboa no distrito de Santarém. Isto é muito importante que seja colocado porque temos que defender uma unidade regional. O distrito de Santarém está divido entre duas comunidades intermunicipais, que por sua vez o dividem para efeitos de fundos comunitários por duas CCDR’s. O distrito está dividido num conjunto de matérias perdendo influência.

Qual será a solução para esta situação?

A solução política passaria pela criação de uma unidade regional do distrito de Santarém e do Oeste.

Como é que se concilia ser a voz do distrito em Lisboa, com o cargo também de deputado na Assembleia da República? Complementam-se?

Complementam-se porque, enquanto deputado da Assembleia da República sou eleito pelo distrito de Santarém. Para já, sou coordenador dos deputados do Partido Socialista no distrito de Santarém, mas, independentemente disso, sempre levei para a Assembleia da República as matérias regionais. Sempre defendi o distrito de Santarém na Assembleia da República. Sempre estive ao lado do distrito de Santarém na Assembleia da República Não tenho qualquer tipo de dúvidas que, quer nas intervenções, quer na defesa de algumas matérias, se complementam.

Qual sente que é o maior desafio que tem entre mãos enquanto Federação Distrital de Santarém do PS?

Este será um mandato marcado, obviamente, pelas eleições autárquicas de 2021. Acredito que o Partido Socialista apresentará, em cada um dos vinte e um concelhos, a melhor opção possível e quero contribuir para isso. O PS, neste momento, lidera 13 das 21 câmaras do distrito, preside às duas comunidades intermunicipais, lidera mais de 80 freguesias no distrito de Santarém, preside à ANAFRE distrital. Simultaneamente, vencemos as últimas eleições legislativas. Somos o partido que tem mais deputados, um partido que tem as responsabilidades claras no distrito de Santarém. Esse é o principal desafio: vencer as eleições autárquicas em 2021. Em relação a outros objetivos, esta crise pandémica vai mudar muito a forma de fazer política. Um objetivo passa por transformar a Federação do PS, internamente e externamente, nessa capacidade de mudar a forma de fazer política. Nada vai ser como antes e também me compete a mim, enquanto presidente da Federação, responder a esses desafios, responder à necessidade de adaptar a estrutura do PS do distrito de Santarém a essa nova realidade.

E porque estamos em Tomar … quais são as questões que mais o preocupam neste momento e que sente que mereciam uma atuação mais rápida?

Em relação a Tomar, enquanto presidente da Federação Distrital do PS, tenho confiança total na presidente da câmara municipal, Anabela Freitas e na capacidade que tem demonstrado, mesmo a nível regional, para um conjunto de dossiers. Em relação às questões mais localizadas do concelho de Tomar. Obviamente temos um conjunto de problemas que podem e devem ser tratados. Desde a questão económica e às respostas para esse problema económico e social que atravessamos. Também a questão da poluição nos deve preocupar. Eu já questionei várias vezes o Ministério do Ambiente sobre essa matéria. Julgamos que é necessário perceber de onde é que vem a poluição e encontrar as respostas necessárias, mas também, noutras matérias encontrar a forma do concelho de Tomar, ter a dinâmica económica – social que se exige. Estou muito atento à questão do Serviço Nacional de Saúde do distrito. Respondendo à pergunta de Tomar, é importante dar esta nota de crédito ao Centro Hospitalar do Médio Tejo, assim como o Hospital Distrital de Santarém tiveram uma grande resposta a esta pandemia covid-19. Não me posso esquecer que, em 2015, quando o PS passou a exercer funções governativas até aí o hospital de Tomar só perdia valências – e desde 2015 que não é assim. Nos últimos anos recuperou-se o internamento na Medicina Interna, foi feito um investimento na TAC e falam-se de outros investimentos para Tomar importantes. Isso deve ser relevado e sublinhado. Muitas vezes não conseguimos tudo ao mesmo tempo, mas a nível do Serviço Nacional de Saúde, não posso deixar de sublinhar o balanço destes anos, especialmente porque veio infletir aquele que era o abandono gradual do hospital de Tomar. Neste campo, tenho que sublinhar a capacidade de, quer a administração quer o governo do PS ter olhado para o CHMT, mas também para o hospital de Tomar em particular.

  • Leia a entrevista completa na edição que já se encontra nas bancas

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