Sandra Costa, 44 anos, é guia turística em Tomar e conta-nos como teve que readaptar a sua atividade neste momento de pandemia. Todos os domingos de manhã efetua visitas guiadas para grupos ao Convento de Cristo e, no período da tarde, pela cidade templária. Nos restantes dias da semana acontecem mediante reserva. Visitas guiadas de um modo personalizado por locais com história, que pretende marcar pela experiência vivida.
Cidade de Tomar – Como é que a Sandra Costa chega a guia turística em Tomar?
Sandra Costa – Chego aqui depois de um longo processo de experiências várias, noutras áreas, que acho que hoje me permitem fazer visitas guiadas mais ricas. A passagem pelo Convento de Cristo na área da comunicação – onde estive aproximadamente três anos – foi importante e impôs que conhecesse bem o monumento. Um outro conjunto de experiências na área do Jornalismo, da Comunicação Institucional, organização de grandes eventos culturais, uma proximidade à Comunicação de Arquitectura, entre outras, permitem-me uma perspetiva não exclusiva da história, mas da arquitetura e da arte. Penso que neste percurso se aprende a contar histórias, a prender e a cativar a atenção das pessoas. A profissão de guia é extraordinária e dá-me um prazer imenso, por força de ter que estudar e ter que me relacionar com pessoas que vêm também de todas as partes do mundo.
Um guia trabalha mais com visitantes estrangeiros…
Trabalhava (risos) uma vez que agora não temos turistas estrangeiros. Temos turistas portugueses ou estrangeiros a viver em Portugal que têm visitado Tomar. Tenho tido sempre pequenos grupos, sobretudo ao domingo. É muito positivo ver os portugueses a conhecer o seu país. Se pudermos dizer que esta pandemia teve alguma coisa de positivo é esta oportunidade de regressar às origens e de primeiro conhecer a nossa casa para depois nos interessarmos pelo resto do mundo. Sou de Tomar e tenho esta ligação emocional ao lugar e este “regresso a casa”, pelos portugueses, é uma situação que me alegra.
O que é que as visitas de Sandra Costa têm de diferente?
Não sei precisar o que existe de diferente. O que posso dizer é que cada pessoa fará uma visita diferente da outra. Não há nenhum guia que tenha a mesma narrativa, a mesma forma de se expressar. Cada um tem a sua marca. No fundo, o guia é o mediador entre um lugar e as pessoas que o visitam, e a sua experiência pessoal, a sua perspetiva e personalidade está sempre presente. É claro que existe a História e não a podemos contornar. Mas a forma como a colocamos no lugar pode ser relativamente diferente. Tomar, e o seu Castelo e Convento, é um sítio extraordinário e quando estamos a guiar pessoas num sítio extraordinário é apaixonante. Eu penso que a minha visita tem essa entrega emocional, sem desrespeitar o que a História, a Arquitetura, o génio humano que ali se revela. Estou a trabalhar – e não esqueço nunca isso – mas garanto-lhe que tenho um prazer enorme cada vez que faço uma visita. É muito gratificante.
Consegue resumir as suas visitas guiadas numa frase?
(Risos). Isso é muito difícil. Não se trata de uma aula de História, como se estivéssemos numa sala de aula ou de um discurso monocórdico. Sem grande pretensão, procuro ver as coisas com algum sentido de humor e levo para aquele lugar esse humor, que ocorre aqui e acolá, sempre que faz sentido ou sai naturalmente. O humor é algo que nos aproxima. Talvez seja essa uma característica que eu destaque, mas há lugar , antes de mais nada para aprender, para emocionar, para estimular o estudo e o regresso.
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