O sonho de ser artista já nasceu, provavelmente, com o tomarense João Godinho, conhecido pelos colegas de profissão e pelos amigos como o “Ronaldo português do circo”. Em conversa com o Jornal/Rádio Cidade de Tomar, João Godinho, que esteve uns dias em Tomar para descansar e estar com a família, contou-nos o seu percurso e como tudo começou no Ginásio Clube de Tomar. A nível nacional passou por anúncios publicitários, novelas, musicais, mas, entretanto, passou muito rapidamente para os palcos internacionais da acrobacia aérea, trabalhando nas melhores companhias mundiais tais como Cirque Dreams do Cirque du Soleil, nos Estados Unidos, circo Salto Natale, na Suíça, Circo Roncalli, nos melhores dinner shows da Alemanha, etc. Recentemente ganhou duas medalhas de bronze, uma em Itália e outra no Cazaquistão, mas foi há dias que se consagrou um artista de elite mundial ao ganhar o Grand Prix no Festival Internacional de Circo na Bielorrússia, com a máxima pontuação dos jurados.
– Quem é o João Godinho?
– O João Godinho é um sonhador, é uma pessoa que não desiste, é uma pessoa que luta muito no backstage, que é assim que nós dizemos, portanto, por detrás da cortina, não desisto e preciso de golos no futuro, para atingir aquilo que quero, gosto sempre de ter objetivos para atingir exatamente aquilo que quero. Não chega sonhar, temos de fazer acontecer e eu faço acontecer.
– Nasceu em Tomar, como é que foi a sua vida aqui?
– Nasci em Tomar e tenho 42 anos, frequentei as escolas em Tomar, terminando no Liceu e nessa altura já fazia parte do Ginásio Clube de Tomar, como ginasta, ginasta também, posteriormente, da Seleção Nacional, em Lisboa. Títulos na ginástica, que eu me lembre, fui campeão nacional por individual e por equipa. Em Campeonatos do Mundo, fui 4.º classificado na Alemanha em 2002, e 4.º classificado em França em 2004. Em 2003, a quadra masculina Portuguesa ficou classificada em 2.º lugar no ranking mundial. A nível de Campeonatos da Europa, obtive 2.º lugar (prata) na Alemanha em 1998, o 3.º lugar (bronze) na Suíça em 2000 e o 3.º lugar também em Portugal em 2001. Na data, nós, no Ginásio Clube de Tomar, fomos muito privilegiados porque tínhamos dois treinadores chineses. Ele era campeão mundial de ginástica e ela integrava a equipa nacional olímpica da China. Eram os melhores dos melhores. Passados seis meses de eles estarem cá, integrámos logo a Seleção Nacional de Ginástica.
– Mas, entretanto, sai de Tomar, qual foi o seu percurso?
– Fui para Lisboa, para a universidade para estudar Publicidade e Marketing, na Escola Superior de Comunicação Social, só que fui pregando umas partidas aos meus pais e, às escondidas deles, fui fazendo vários castings para novelas, publicidade e musicais e antes dos meus pais perceberem eu já fazia teatro.
– E porquê as artes?
– Já partia de mim, era dotado para as artes, para o palco, para representar, cantar e dançar. Nasci mesmo para isso. Fiz várias audições sem os meus pais saberem e, entretanto, começo a aparecer como cabeça de cartaz em que o meu pai não fazia a mínima ideia que eu cantava. Fiz o “Fame, o musical” (2006), fui ator/cantor no musical, “Fado história de um povo”, do Filipe La Féria e, entretanto, como disse, passei a ser cabeça de cartaz, porque passei a ser o protagonista em musicais também do Filipe La Feria, como o “Footloose, o musical” (2007) ou o Peter Pan (2012). Foi nessa altura que família e amigos foram assistir aos espetáculos, mas eles não sabiam que eu cantava. Eu não me identificava como cantor, eu cantava. Fui aceite nesses papéis específicos porque eu cantava, dançava e fazia acrobacias e por isso é que era chamado para esses papéis mais difíceis.(…)
Entrevista completa na edição impressa de 11 de outubro.