Goste-se ou não se goste, defenda-se, ou não, as touradas, certo é que este mundo envolve diversas áreas e atividades, algumas até artesanais, como é o caso da história de vida de António Carlos Estorninho, embolador de touros, que faz as embolas e as bandarilhas para as diversas corridas onde participa. O Jornal “Cidade de Tomar” falou com António Carlos Estorninho, natural da Golegã, que nos explicou como funciona esta arte, revelando, como curiosidade, que a sua primeira corrida como embolador profissional, aconteceu em Tomar, em 1987, numa corrida no âmbito da Festa dos Tabuleiros.
Cidade Tomar – Como é que esta atividade de embolador surgiu na sua vida?
António Carlos Estorninho – Esta vocação de embolador já vem de família, mais propriamente do meu avô, que já exercia essa função. Eu morava com os meus pais numa casa, geminada com os meus avós, e o hábito, como se sabe, vai puxando pelo interesse. O meu avô ensinou-me em casa e depois comecei por embolar nas picarias, nas largadas de touros. Os ganadeiros da Golegã ofereciam vacas para as picarias e pediam ao meu avô as embolas emprestadas e como aquilo era, na altura, um ato menor, mandavam-me a mim para que eu também me exercitasse. Depois, comecei a acompanhar o meu avô nas corridas, ia como ajudante dele e depois, mais tarde, quando saí da vida militar, é que me dediquei a cem por cento a ser embolador, em paralelo com a minha atividade profissional. Já levo 32 anos de atividade profissional como embolador. A primeira corrida em que participei como embolador profissional foi a 5 de julho de 1987, em Tomar, numa corrida mista, integrada na Festa dos Tabuleiros, com a participação dos cavaleiros Xavier Buendia, Rui Salvador e Ricardo Chibanga e com os Forcados Amadores de Tomar.
– O que é que o embolador tem, então, de fazer?
– Compete ao embolador fazer as bandarilhas e as embolas e no dia da corrida, na praça, embolar os touros e fornecer as bandarilhas aos lidadores, ou seja, aos toureiros, esta é a função do embolador. Depois, há a parte que se considera mais de artesanato que é fazer as bandarilhas, uma atividade profissional que só pode ser executada numa praça de touros por quem tiver carteira profissional.
– Explicou o que é ser embolador e o que é embolar o touro?
– Embolar o touro é colocar nas hastes, ou seja, nos cornos do touro, as proteções em couro, que são as embolas, para que, durante a lide, não venha a ferir nem o cavalo, nem os toureiros e nem os forcados.
– Qual a entidade que concede a carteira profissional para esta atividade?
– No meu tempo era o Ministério de Trabalho, tínhamos de ter uma autorização de vários toureiros e de emboladores, os quais aprovavam que a pessoa estava apta para exercer aquela função porque já a tinha exercido como praticante. Só depois dessa documentação estar entregue na Associação Nacional de Toureiros é que era encaminhada para o Ministério do Trabalho e depois seria, mediante a aprovação deles, concedida, ou não, a carteira profissional. (…)
Entrevista na íntegra na edição impressa de 30 de setembro.