Centro de referência na Áustria apoiou a equipa do Serviço de Anestesiologia do CHMT de forma remota, através de uma tecnologia de ponta, para introdução de uma nova técnica anestésica pioneira.
O Hospital de Torres Novas, unidade que integra o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), foi palco de duas cirurgias da especialidade de Cardiologia que utilizaram uma tecnologia de Saúde inovadora, que uniu duas equipas médicas, de dois países e duas cidades afastadas por mais de 2.700 quilómetros, através de um par de “óculos inteligentes” e uma ligação de Internet de banda larga.
A médica Georgia Riepl, do centro de referência austríaco Klinik Florisdorf, esteve a apoiar, em direto, a partir de Viena, o Diretor do Serviço de Anestesiologia do CHMT, Nuno Franco e a sua equipa, a partir do Bloco Operatório do Hospital de Torres Novas, na introdução de uma inovadora abordagem de anestesia de bloqueio regional, no âmbito de duas cirurgias de implantes de cardiodesfibriladores (CDI) por via subcutânea em doentes cardíacos agudos.
Esta técnica anestésica, minimamente invasiva, é uma alternativa à anestesia geral, o que no caso de doentes cardíacos, especialmente vulneráveis, é uma mais-valia incontestável. A sua introdução no CHMT só foi possível através do apoio clínico remoto prestado a partir da Áustria, através da utilização de uma tecnologia digital inovadora materializada num par de óculos muito especial – “Smart glasses”.
Os “Smart glasses” são, tal como o nome sugere, “Óculos Inteligentes”. Os óculos em causa têm uma pequena câmara que está situada mesmo debaixo do olho, e essa câmara transmite a imagem de todo o campo cirúrgico e de todo o procedimento cirúrgico a um mentor, que pode estar em qualquer lado do mundo.
No caso concreto, as preparações anestésicas das duas cirurgias cardíacas executadas no CHMT foram transmitidas em direto para a médica Georgia Riepl, na Áustria, que teve acesso em tempo real a todo o procedimento, tendo apoiado e participado “a quatro mãos”, ainda que de forma remota, em todos os passos executados pela equipa de Anestesiologistas liderada por Nuno Franco.
Esteve, também, disponível no Bloco Operatório um pequeno visor pelo qual o médico Nuno Franco pôde guiar-se através da partilha de anotações por parte de Georgia Riepl, orientando-o neste novo procedimento.
Tratando-se de um procedimento minimamente invasivo, a introdução desta técnica anestésica pioneira no CHMT vai permitir, um alargado conjunto de benefícios pré e pós-operatórios para os doentes do CHMT, nomeadamente, a realização destes implantes em ambulatório, sem necessidade de internamento, e um pós-operatório menos doloroso devido à analgesia mais prolongada e localizada, com uma alta médica no próprio dia da cirurgia. Para além da cirurgia Cardíaca, a técnica anestésica poderá ser utilizada em contexto de traumatologia torácica.
Esta foi a primeira vez que uma unidade hospitalar do CHMT recorreu à tecnologia de “smart glasses” em contexto cirúrgico.