“Só vendo em Tomar e enquanto me quiserem e deixarem, é aqui em Tomar que sempre estarei a vender as figuras do Presépio tradicional. Em Tomar cidade onde vivi desde um mês de idade, até aos 24 anos é a minha cidade e aqui tenho 70% dos bons amigos, os outros arranjei por fora”, responde-nos o Caetano, enquanto vai atendendo a habitual e nova clientela. O gosto pelos bonecos e pelo Presépio nasceu quando um dia viu no mercado de Tomar umas vendedoras de Barcelos, que aqui vinham vender, por altura do Natal. Isto há 43 anos e o seu maior prazer era ajudar a colocar as figuras que elas traziam no chão de areia e saibro do mercado de Tomar, quais soldados perfilados em fileira. Um ano deixaram de vir, as artesãs de Barcelos, diz-nos e sentiu falta, a falta que tinha, de se levantar cedo, antes de ir para a Escola Industrial de Tomar e, antes das aulas, dar uma ajuda às ditas vendedoras. Não descansou enquanto não meteu na cabeça ao pai, dado ser criança, a se aventurar neste negócio e a começar a vender presépios e isso aconteceu há 43 anos.

O pai, de origem alentejana e nessa cidade nasceu Caetano Amílcar Tendeiro Dos Pereiros, mas sente-se tomarense e remata: “Vim para esta linda cidade com um mês, sou tomarense, fui criado ao pé do cu da mula. Aqui estou em casa e estes 40 dias que estou aqui no mercado, revejo os amigos, recebo clientes do concelho e de Lisboa, de Coimbra, dos concelhos limítrofes e garanto que em Tomar não haverá uma casa que não tenha peças que eu venda ou tenha vendido, ou o meu pai”. Com nome assim, o Caetano só podia ser tendeiro, mas diz o tendeiro é alcunha que virou nome da família, não de tendas dos mercados mas de tender a farinha. Tem 54 anos e com sua esposa, vivendo na roulotte, instalado na entrada do mercado “topo norte” vai embrulhando em jornais e revistas as figurinhas que nos fazem sonhar, que nos transportam à nossa infância, figuras que nos são tão familiares e queridas e que algumas já chegaram à Austrália, EUA, Alemanha, França, levadas pela diáspora tomarense. Recorda-nos o preço das figuras dessa altura: “Eram a 7$50 ou seja, nem 4 cêntimos dos dias de hoje, e agora há figuras de 1 euros, 1,5 e até mais dependendo do tamanho”.
Uma notícia para ler na íntegra na edição impressa de 17 de dezembro.