Encontramo-nos numa altura em que se fazem apelos constantes ao consumo de produtos portugueses, de apoio aos agricultores, que se façam férias cá dentro.
Estamos numa altura em que as zonas de interior, com menor densidade populacional são procuradas como refugio. Quando se avizinha uma grave crise económica que provavelmente irá alterar o paradigma da sociedade tal como a conhecíamos até há poucos meses atrás, importa refletir e encontrar novos caminhos.
A ADIRN enquanto entidade gestora dos programas de Desenvolvimento Local para o Ribatejo Norte, quer contribuir para que este território saia mais forte, mais coeso,
mais capacitado após esta crise.
Durante o atual Quadro 2020, foram apoiadas até agora dezenas de microempresas, quer através do PDR2020 quer através do SI2E – CENTRO2020. Empresas que conseguiram ultrapassar as dificuldades do excesso de burocracia desde a fase de candidatura até aos pedidos de reembolso, empresas que resistiram, por vezes meses e meses sem receber o apoio contratado, empresas que conseguiram colmatar a dificuldade de encontrar os recursos humanos indicados. Muitas delas, na fase inicial da sua atividade, com esperança e expetativa na realização do seu negócio para poder assegurar os compromissos com bancos, fornecedores e colaboradores, vêm- se de um momento para o outro privadas de exercer a sua atividade. Mesmo com grande capacidade de resiliência, caraterística destas microempresas, não é fácil o momento que se atravessa, não é fácil o momento que aí vem.
A ADIRN considera absolutamente necessário um reforço do apoio as estas empresas, em que não podemos deixar cair cinco anos de investimento de implementação de uma estratégia. Sugerimos medidas imediatas, mas também uma reflexão para o que poderá ser o futuro do Desenvolvimento Local do Ribatejo Norte.
De imediato, consideramos ser essencial:
- Criar um apoio extraordinário às empresas como menos de 5 anos com projetos em fase de implementação, localizadas nos territórios mais frágeis do interior, rurais e de baixa densidade;
- Simplificar e agilizar os procedimentos para que o dinheiro chegue aos seus destinatários em tempo útil;
- Capacitar os empresários para adaptação aos novos desafios, a exemplo do que a ADIRN está a fazer com o projeto de formação-acção com vista à certificação
Biosphere.
A actual pandemia surgiu na fase final do quadro de apoio 2020 e no início da discussão do próximo 2030. Importa retirar as lições do que correu mal, importa
relevar a importância dos territórios rurais mais frágeis. Verificou-se um forte apoio ao turismo, projetos inovadores que muito contribuíram para a sustentabilidade de cada uma das regiões, um grande apoio a pequenos projetos de agricultura e de transformação de produtos agrícolas. Foi possível criar novas empresas e novos postos de trabalho, dar oportunidades aos jovens e uma nova dinâmica, com forte contributo para a coesão. Actualmente, neste novo contexto importa reforçar, junto das entidades decisoras nacionais, regionais e locais: - Assegurar a rápida transição de quadro comunitário de apoio;
- Pensar o território numa abordagem ascendente, dar espaço para que cada comunidade local defina os seus desafios e prioridades;
- Definir uma estratégia, que mais do que uma repetição das anteriores, se foque em sustentar o existente;
- Fortalecer as redes e se estimule a cooperação, pois juntos seremos mais fortes;
- Definir como prioritárias as políticas de desenvolvimento próximas das populações;
- Estimular a procura de novas soluções;
- Apoiar a manutenção dos postos de trabalho existentes;
- Dinamizar a atividade económica com e para a população residente.
Acreditamos que, em resultado deste alerta geral causado pelo COVID-19 o mundo rural vai ficar referenciado como um local de refúgio, de segurança de bem-estar,tranquilidade e confiança.
Importa que as caraterísticas que o assim posicionaram, se mantenham sem que no
entanto, sejam obstáculo a um desenvolvimento sustentável com base no social, cultural, económico e ambiental.
A ADIRN, completa em 2021, trinta anos. Captou ao longo destes anos para o Ribatejo Norte mais de 50 milhões de euros de investimento, encontra-se do lado do território para ser parte da solução, para a construção de um melhor futuro, pós crise!