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O testemunho de uma professora sobre o ensino à distância

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Ana Isabel Felício
Comecei a trabalhar no Jornal Cidade de Tomar em 1999. Já lá vão uns anitos. Depois de sair da Universidade e de todas as dúvidas e dificuldades que surgem, foi-se construindo um caminho de experiência, com muitas situações, muitas pessoas, muitas aventuras e, claro, muito trabalho. Ao fim de todos estes anos, apesar de todos os percalços que a vida nos vai dando, cá estou, todos os dias a fazer o meu trabalho o melhor que sei, aprendendo com os que me rodeiam e também ensinando alguma coisa.

O “Cidade de Tomar” falou com Maria Cláudia Sá, professora de Educação Física, sobre esta “nova” forma de ensino que se instalou entre nós, desde que vivemos em pandemia, o ensino à distância, que já tivemos no primeiro confinamento e voltámos agora ao mesmo formato, devido ao agravar da situação epidemiológica.

Cidade Tomar – Há quanto tempo dá aulas? Qual a área, a que anos e em que escola?

Maria Cláudia Sá – Sou professora de Educação Física há 23 anos e dou aulas ao 3.º ciclo e secundário. Estou no Agrupamento Nuno de Santa Maria em Tomar há 12 anos. Este ano letivo tenho aulas apenas na Escola D. Nuno Álvares Pereira, tenho turmas de 7.º e 9.º ano, sou diretora de turma, responsável pelos grupos de Desporto Escolar de Badminton (todos os escalões) e Voleibol (escalão Iniciados Masculinos) e dou tutoria a cinco alunos.

– Como são preparadas as aulas à distância? Destinam-se a quantos alunos?

– Desde o início do ano que as várias Áreas Disciplinares consideraram nas suas planificações o ensino presencial, o ensino misto e o ensino à distância. No meu entender o nosso Agrupamento preparou-se muito bem para a eventualidade de haver alunos a terem de usufruir de ensino à distância. Antecipou as dificuldades e todas as disciplinas trabalharam em uníssono no sentido de dotar os alunos das capacidades para utilização dos meios informáticos, nomeadamente utilização do Office 365 e plataforma Teams. Desde o início do ano que estávamos preparados para a eventualidade de virmos para casa pelo que a transição, apesar de muito trabalhosa, fez-se sem grandes sobressaltos. No meu caso específico as aulas destinam-se a cerca de 120 alunos e na sua preparação tenho de adaptar toda a aula e até os meus objetivos enquanto professora de Educação Física. É impossível cumprir os verdadeiros princípios da minha disciplina por videoconferência, é dificílimo dar feedbacks em tempo real pelo que toda a aula é adaptada. Claro que adaptada também ao espaço físico que os alunos dispõem (e eu própria) e até às condições da internet de cada um.

– Como define o ensino à distância? Quais as suas principais vantagens e desvantagens?

– Para mim o ensino à distância é a alternativa possível dado estarmos impossibilitados pela pandemia de o fazer presencialmente. Apesar de todos os constrangimentos pode ser uma alternativa de imensa qualidade, mas depende de inúmeros fatores cuja resolução nem sempre está ao nosso alcance (professores, alunos e famílias). Talvez a maior vantagem seja desenvolver uma maior autonomia por parte dos alunos. Para alguns alunos, mais introvertidos, este tipo de ensino permite que não se exponham tanto. E em alguns casos observa-se uma melhoria na sua participação na aula pois conseguem colocar as suas questões e expor mais facilmente as suas dúvidas. Quanto a desvantagens, por mais atento que professor esteja há sempre a possibilidade de os alunos não estarem a cumprir exatamente o que o professor pede. Infelizmente há relatos de alunos que desligam as suas câmaras alegando que estão avariadas e, ao invés de estarem atentos à sua aula estão a fazer outras atividades. Por vezes devido a problemas técnicos, as aulas são menos produtivas.

Leia a entrevista na íntegra na edição impressa desta sexta feira, disponível já amanhã nas bancas.

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