Se há algo que esta quarentena nos mostrou, especialmente nas redes sociais, foi que existem muitos talentos escondidos por aí. Manuela Santos, 48 anos e José Carlos Maçarico, 44 anos, estão ligados ao ligado Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira desde a sua fundação, 1988. Nesta fase de recolhimento determinada pelo Estado de Emergência que a pandemia obrigou, têm divertido os portugueses com os diálogos entre as personagens Manel e Albertina. “Quisemos manter o Rancho em actividade, passar algumas mensagens que achamos importantes neste tempo que estamos a viver e divertir as pessoas”, referem. Os vídeos, publicados na página do Facebook do Rancho, têm milhares de gostos e partilhas. Fomos perceber como tudo começou.
Como surgiu a ideia de darem vida ao “Manel” e “Albertina”?
Devido à pandemia Covid 19, houve a necessidade de cancelar todas as actividades do Rancho de Alviobeira, ao qual pertencemos. Para além do cancelamento das actividades, ficámos desde meados de março sem os nossos habituais ensaios à sexta feira. A ameaça da Covid 19 assim o exigiu e se as medidas nos causaram uma tristeza gigante e uma dor silenciosa, sabíamos que era a única possível nos tempos que correm. Abril, é o mês do aniversário do Rancho, e como tal sempre foi vivido por este grupo, pelos seus familiares e pela comunidade, com uma alegria renovada. As atividades multiplicavam-se ao longo do mês, o que nos levou a adotar o slogan: “Abril atividades mil”.
Se ao longo dos tempos fomos repartindo as nossas atividades ao longo de todo o ano, a verdade é que o mês do nosso aniversário nunca deixou de ser o nosso mês de eleição e o dia do nosso Festival de Folclore, “Aquele Dia”. Costumávamos dizer em tom de brincadeira que mesmo que chovesse picaretas, mesmo que tivéssemos que atravessar o atlântico, mudar turnos, vir a pé, queríamos estar presentes no Festival, era o dia da família e obrigatoriamente tínhamos que estar presentes. Se nos anos passados, o Abril foi vivido a cem à hora, com “borboletas” no estômago e recheado de emoções boas, daquelas que aceleram o coração e nos tornam verdadeiramente felizes, este ano a atitude a adotar foi de reflexão e ponderação. A situação causou em nós uma tristeza enorme.
Em vez de cruzar os braços e ficar sem nada fazer, quisemos manter em actividade o grupo, ainda que fosse apenas através das redes sociais.
Assim surge a ideia de utilizar o Manel e a Albertina, duas figuras (criadas para outras actividades realizadas pelo Rancho) engraçadas e divertidas e que podiam para além de animar as pessoas passar algumas mensagens importantes.
Os episódios são preparados/ensaiados ou são feitos na base do improviso? São feitos na base do improviso. A maioria é gravada à primeira tentativa e são feitos a partir da nossa casa.
Qual é o vosso objectivo com esta iniciativa?
Manter o Rancho em actividade, passar algumas mensagens que achamos importantes neste tempo que estamos a viver e divertir as pessoas.
Os tempos que estamos a viver são difíceis. Sabemos que a situação de stress que estamos a viver provoca consequências a nível psicológico: ansiedade, medos, receio de contágio, solidão. Rir, talvez seja a melhor forma de aliviar o stress e a tensão.
Já tiveram alguma situação mais caricata com esta experiência?
Algumas pessoas começaram a tratar-nos por Albertina e Manel.
. Leia a entrevista completa na edição que vai para as bancas esta quinta-feira