Desde os tempos imemoriais que em Trás-os-Montes se deu muita importância ao tempo passado à mesa das refeições. O meu avô dizia muitas vezes que o tempo de estarmos à mesa era sempre o mais curto do dia pelo que devia ser muito bem aproveitado.
Era ali que se conversava e se discutiam os projetos da família, se realizavam as combinações para o trabalho da lavoura, das matanças ou das vindimas, se combinavam as ceifas e as acarrejas do pão. Era também ali que se partilhavam as preocupações com os amigos e se falava dos problemas da comunidade.
No final de cada trabalho no campo ou algumas maiores obras de melhoramento da casa era o tempo de se cozinharem os melhoras petiscos da casa, trazer o bom presunto e as saborosas chouriças com o pão que saía do forno também acompanhado pelo vinho fresco da adega e assim degustar os melhores sabores da região.
Não nos podemos esquecer do célebre refogado de javali, do sarrabulho de carnes frescas do porco feitos no pote, da Chouriça e do chouriço de pão com grelos, do rodeão, do butelo com cascas e da posta mirandesa.
Fazia-se gosto em que os amigos saíssem de casa satisfeitos e a dizerem o melhor da cozinheira que ali mandava e oh de quem não tivesse um espaço no canto do estômago para provar desses manjares, pois era uma ofensa indigna de se fazer na casa de um qualquer transmontano.
E nestas provas à volta da lareira não há ninguém que se negue às fantásticas castanhas assadas nos típicos assadores pendurados nas cadeias do estrefogueiros de onde saem quentes e estaladiças a acompanhar com jeropiga ou água-pé.
É todo este ritual gastronómico que a Casa de Vinhais pretende partilhar com a Casa de Tomar no próximo dia 16 de novembro, num final de tarde de amizade e convívio à volta dos sabores.
Cesar Alexandre Afonso
Casa do Concelho de Vinhais