Tânia Grazinas é uma das artesãs que integra o projeto “A Moagem – Fábrica das Artes”, na Moagem A Portuguesa, um projeto que teve início em junho de 2021, num espaço artístico que engloba diferentes vertentes, permitindo que o lugar viva e partilhe de uma dinâmica cultural, através da instalação de oficinas e ateliers criativos, cuja programação e curadoria está a cargo do município. O projeto reabriu portas ao público no passado dia 14 de abril, onde Tânia Grazinas marcará presença com a sua oficina de cestaria. O Jornal/Rádio “Cidade de Tomar” falou com Tânia Grazinas sobre este mundo da cestaria e como surgiu na sua vida.
- Como é que surgiu esta arte da cestaria na sua vida?
- Eu sempre tive jeito para trabalhos manuais e para a bricolage. Há cerca de quatro anos, sofri uma depressão por Burnout, devido ao cansaço provocado pelas deslocações diárias Tomar-Lisboa. Trabalho em Lisboa e tenho um bom empregador, mas faltava qualquer coisa, faltava um complemento para a minha realização pessoal, faltava-me a componente da natureza e pensei nalgumas ideias. Entretanto, a câmara, em parceria com a Fundação EDP Tradições, deu início ao projeto das artes tradicionais ligadas à Festa dos Tabuleiros, com várias áreas, como a olaria, a latoaria, a cestaria, a confeção de rodilhas e flores de papel. Escolhi a cestaria. Não sei explicar bem porquê, talvez porque houvesse muitos cestos na minha memória. Eu sou de Carregueiros e lembro-me da ti Maria da Luz fazer cestos em bracejo e quando eu tentava fazer ela dizia-me “não tens jeito para isto…”, por isso nunca pensei dedicar-me à cestaria.
- Os cestos ainda são muito procurados?
- Antigamente eram mais porque eram usados na agricultura, mas o plástico veio arruinar o seu uso. A maioria dos artesãos desta arte são homens, apesar de também existirem algumas cesteiras. Mas, se, por um lado, o plástico veio substituir muita coisa, por outro lado, é devido ao plástico que há um ressurgimento na procura destes materiais que são sustentáveis sem causar prejuízo ao ambiente.
- A técnica é fundamental?
- Sim, é fundamental consolidar técnicas, que se não forem transmitidas vão-se perder.
- Esta é uma arte que pode provocar dor ao praticá-la?
- Depende da espessura do vime, do hábito, se estamos a fazer cestos grandes ou pequenos. Se são cestos de alguma dimensão, temos de fazer alguma força para manusear o vime. Os cestos pequenos não exigem muita força, pois o material é mais maleável. (…)
Ana Isabel Felício/José António
Entrevista completa na edição impressa de 28 de abril.