Shilá Fernandes foi a convidada do programa Tomarlugar, da RCT, no passado dia de 20 julho, numa conversa com a cidadã, a professora, a coordenadora do Projeto Cultural de Escola do Plano Nacional das Artes do Agrupamento de Escolas Templários e a produtora de muitos outros projetos, a nível regional, nacional e internacional, além de ser uma apaixonada pela dança.
Carlos Gonçalves – Como surgiu a dança na sua vida? Foi uma influência de família?
Shilá Fernandes – Eu ouvi dizer que a minha irmã precisou de ir fazer dança e eu fui porque ela foi e eu fiquei e foi algo que foi determinante para tudo o resto que fiz, pois sempre pensei em termos de espaço e de movimento.
– Depois de Angola, veio para Portugal e para Tomar, tinha família cá?
– A minha família não tinha origens em Tomar, mas estava cá o meu padrinho que dava aulas de Filosofia na Escola Jácome Ratton e como vim com a minha mãe e as minhas duas irmãs, sem o meu pai, que ainda ficou em Luanda, precisávamos de apoio.
– Guarda recordações de Angola?
– Recordo os cheiros, na data, Luanda era uma cidade muito mais evoluída e quando chegámos a Portugal, que estava em vias de se desenvolver, foi um choque. Lembro-me do cheiro das coisas que podíamos fazer lá e cá não, e a dança era uma delas.
– E voltou a visitar Angola?
– Não e tenho um problema com isso. O que se passou foi importante, Angola agora é dos angolanos e isso deixa-me feliz, mas continua com problemas por resolver, é um caminho grande a fazer e ninguém gosta de ver a sua terra maltratada.
– Quando chegou a Tomar, o que é que fazia?
– Na altura as atividades em Tomar era a escola, havia um dia por semana que podíamos sair mais cedo se nos fossemos confessar e, claro todos se queriam ir confessar, íamos brincar para a Pedreira, para onde fomos morar, pois a minha mãe dava aulas lá, o que foi muito bom porque brincávamos muito na rua, o que também acontecia em Luanda. (…)
Carlos Gonçalves
Edição impressa: Ana Isabel Felício
Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 29 de julho.