Maria dos Anjos Esperança deixa cargo de coordenadora mas mantém-se na Unidade de Saúde Pública

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A, até agora, coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo, Maria dos Anjos Esperança, pediu para deixar o cargo de coordenadora desta unidade, cargo que é, desde o dia 1 de julho, ocupado pelo médico José Cunha. O Jornal/Rádio Cidade de Tomar falou com Maria dos Anjos Esperança sobre esta alteração e sobre estes dois anos intensos de pandemia.

Cidade Tomar – Qual a razão para deixar o cargo que tem ocupado na Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo?

Maria dos Anjos Esperança – Já são quase 43 anos de serviço e os últimos dois anos foram muito pesados, por isso estou a pensar, quando chegar o fim do ano, pedir a minha aposentação. Tenho feito tudo aquilo que eu penso que deveria fazer para que a Unidade de Saúde Pública fique em muito boas mãos e que chegue a altura de eu descansar.

– Sente-se cansada?

Nesta altura sinto-me um bocadinho cansada, naturalmente que todos nos sentimos um bocadinho cansados, sobretudo depois de dois anos que tivemos. Mas não é o meu cansaço que justifica que esteja a pensar pedir a minha aposentação, é que eu fui avó há pouco tempo, há dois meses e meio, e quero viver o meu papel de avó, quero estar disponível para poder ir ver a minha neta, que vive em Lisboa, quando eu quiser. É um amor diferente, fui mãe só uma vez, mas de um neto é diferente, são coisas que eu quero viver muito.

– Falou dos dois anos intensos que todos vivemos, foi algo que não passou pela cabeça de ninguém vivermos uma pandemia?

Não, nunca passou pela cabeça de ninguém. Eu lembro-me quando andava a tirar a especialidade, quando entrei em 1985, nós estudámos o que se deveria fazer em caso de pandemia e nunca me esquece de uma história de um inglês por causa de uma água que tinha provocado uma doença a muita gente, uma febre tifoide, e nós estudámos sobre quem foram as pessoas, onde é que consumiram a água, há quanto tempo consumiram, com quem estiveram, quem eram as pessoas que usufruíam daquela água, mas a teoria é muito diferente da prática e por muito que se estude nos livros o que é que se deve fazer numa situação destas, na prática é completamente diferente. E, sobretudo, esta pandemia que começou a atingir a nossa população mais idosa, sobretudo população que estava confinada em certos locais, começou a preocupar-nos muito. Felizmente a Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo tem profissionais de excelência e todos, desde os assistentes técnicos, aos enfermeiros, às técnicas superiores de diagnóstico e terapêutica, os técnicos de saúde ambiental, como os meus colegas, todos nos dedicámos a cem por cento a esta situação e que, penso eu, conseguimos resolver, até porque nós não trabalhamos num só concelho. Quando a pandemia começou éramos cinco médicos e é o que temos agora e temos onze concelhos e, portanto, nós tínhamos que nos desdobrar, temos profissionais da Unidade de Saúde Pública em todos os concelhos e, portanto, o apoio que tivemos deles todos, foi um apoio sem o qual nós nuca conseguiríamos levar a bom porto a nossa missão de agentes de saúde pública. (…)

Ana Isabel Felício/José António

Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 22 de julho.

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