Sonho desfeito! Os leões de Tomar não foram além das meias-finais da Liga Europeia! A equipa leonina estava empenhada em fazer história, mas, na primeira meia final, ao início da tarde de sábado, perdeu diante do Valongo, no desempate por grandes penalidades (3-1), depois de uma igualdade, a quatro golos, no tempo regulamentar e no prolongamento.
Ambiente fantástico no Palácio dos Desportos, em Torres Novas, palco da Final-4 da principal competição europeia de clubes: bancada reservada aos adeptos tomarenses totalmente cheia; no lado oposto, a dos valonguenses também estava muito bem composta.
Rafael Bessa, na cobrança de uma grande penalidade, adiantou o Valongo logo no segundo minuto.
Com mais posse de bola, os leões tentavam reagir… mas foi o adversário que, já no minuto 18, dispôs de nova soberana oportunidade para ampliar a diferença, num livre direto: Francisco Veludo travou o remate de Facundo Navarro.
Lucas Honório, volvido pouco mais de um minuto, entrou pela direita… e finalizou rasteiro, restabelecendo o empate, a um golo.
Guilherme Silva, já nos últimos quatro minutos desta primeira parte, na sequência de um contra-ataque (os árbitros deixaram jogar…), atirou da direita… e consumou a reviravolta no marcador.
E o jovem Lucas Honório, a menos de dois minutos do descanso, num lance individual, reforçou o avanço da equipa tomarense: 1-3.
Caio, logo no terceiro minuto do segundo tempo, desperdiçou, numa grande penalidade, a hipótese de ampliar a vantagem leonina. O mesmo aconteceu com Tomás Moreira, no minuto 34, na cobrança de um livre direto (décima falta do Valongo).
O número 7 do Sp. Tomar/IPT redimiu-se passados quatro minutos, ao finalizar (servido por Honório) de forma certeira um lance de contra-ataque em superioridade numéria: 1-4.
Contudo, a resposta do Valongo demorou apenas 15 segundos (2-4): Facundo Bridge atirou da zona frontal… e a bola, após tabelar na trave, acabou no fundo da baliza de Veludo.
O guardião leonino, já no minuto 40, travou o remate de Rafael Bessa, na cobrança de uma grande penalidade. Mas, volvido menos de um minuto, Diogo Barata surgiu isolado… e repôs a diferença mínima no marcador: 3-4.
Lucas Honório, no minuto 45, num livre direto (cartão azul a Rafael Bessa), atirou… ao lado!
A equipa nortenha acelerava o ritmo… e chegou ao empate, a quatro golos, por Facundo Navarro, a menos de três minutos do final.
Era o delírio na pista e na bancada dos valonguenses… E a equipa nortenha, com grande vantagem anímica, quase resolvia a contenda ainda no tempo regulamentar: no último segundo, Bridge acertou… no poste!
O prolongamento (duas partes de cinco minutos cada), com o desgaste e mais cautelas das duas equipas, não registou alterações no marcador… e, por isso, houve necessidade de recorrer ao desempate por grandes penalidades.
E, neste sistema, o Valongo foi mais forte: Diogo Abreu, Rafael Bessa e Facundo Navarro (este perante António Marante) converteram as respetivas grandes penalidades; os leões apenas acertaram uma penalidade, por Filipe Almeida.
E quando Caio falhou o sétimo penálti, o sonho do Sp. Tomar/IPT… esfumou-se!
O primeiro finalista da Liga Europeia era, portanto, o Valongo, que acreditou e soube reagir quando esteve em clara desvantagem no marcador.
A equipa de Nuno Lopes não conseguiu agarrar a oportunidade… sobretudo na segunda parte (três bolas paradas não convertidas!).
O treinador leonino reconheceu que “o mais difícil foi virar o resultado”: “E ainda por cima chegámos ao 1-4. Estar a dizer que foram as bolas paradas… Não podemos deixar de atacar. Tínhamos de fazer o quatro, o cinco e o seis e guardar a nossa baliza. Há uma equipa que estava a perder e foi para cima de nós e tínhamos de aguentar, como aguentámos a maior parte do tempo”.
Edo Bosch, treinador do Valongo, salientou que “o coração quis muito mais”: “Passou por cima das táticas, da cabeça.. O coração destes jogadores, hoje, não cabe no peito. Não é fácil começar o jogo a ganhar, chegar ao intervalo a perder… e depois sofrer o 1-4. Mas eles acreditaram… É um orgulho ser treinador destes grandes jogadores. Qualquer das equipas podia ter ganho. Se tivesse ganho, o Tomar seria justo vencedor”.
O outro finalista era o H. Trissino, que, na segunda meia final, bateu o rival italiano H. Sarzana por claro 4-0, com golos de Emanuel García, João Pinto e Giulio Cocco (dois de livre direto).
Trissino levou troféu…
Torres Novas é mesmo talismã para as equipas italianas! O Hockey Trissino tornou-se na segunda equipa de Itália (e 12.º no total) a conquistar a Liga Europeia de hóquei em patins, após bater, no passado domingo, o Valongo nas grandes penalidades (1-3). No final do tempo regulamentar e do prolongamento registava-se uma igualdade, a quatro golos.
A equipa treinada por Alessandro Bertolucci – que sucedeu ao Sporting, vencedor das duas últimas edições – juntou-se ao também italiano Follonica, campeão em 2005/06, numa fase final igualmente disputada na cidade torrejana.
Alessandro e o irmão, Mirko Bertolucci (agora treinador do H. Sarzana), eram, há 16 anos, jogadores do titulado Follonica.
Esta edição da Liga Europeia de hóquei em patins contou apenas com duas equipas portuguesas, o Sp. Tomar/IPT e o Valongo, uma vez que Sporting, FC Porto, Oliveirense, Benfica e Ó. Barcelos autoexcluíram-se em desacordo com o novo formato da prova.
Além das cinco portuguesas, também desistiram de participar na prova cinco equipas espanholas (Noia, Barcelona, Liceo da Corunha, Réus e Caldes), uma francesa (Saint-Omer) e uma italiana (Forte dei Marmi).
As equipas espanholas continuam a dominar o historial da competição, com 46 títulos (22 conquistados pelo Barcelona), contra oito de portuguesas e dois de italianas.
Espera-se o regresso das equipas da Associação Europeia de Clubes (EHCA) na próxima época, num modelo que será oportunamente revelado.
Voltar ao campeonato…
Os leões vão reencontrar o FC Porto no próximo sábado (19h00), em Tomar. Será o segundo jogo dos quartos de final (à melhor de três) do play-off do principal campeonato nacional.
Caso seja necessário (para desempatar), o terceiro será também no Porto, no dia 25 (quarta feira).
Jorge Ramos
Foto: JMFS