No âmbito da intervenção que tem vindo a ser realizada no que respeita à promoção da saúde psicológica e bem-estar da comunidade escolar, o Serviço de Psicologia e Orientação em articulação com o Plano de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário – Medida 2, do Agrupamento de Escolas Templários, tem vindo a dinamizar, há cerca de dois anos, o projeto “Medos e Sonhos”, projeto que surgiu na sequência das atividades realizadas no “SPA das Emoções” aquando da 3.ª Semana Cultural, com o objetivo de dar visibilidade aos testemunhos dos medos e sonhos dos alunos. As psicólogas escolares Ana Margarida Laborinho e Florbela Gabriel e a técnica do Plano de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário, Sónia Pereira, estiveram nos estúdios do Jornal/Rádio Cidade de Tomar, onde falaram acerca deste projeto, que culminará com a edição de um livro.
Cidade Tomar (CT) – Que projeto é este “Medos e Sonhos” e há quanto tempo está a ser concretizado?
Margarida Laborinho (ML) – Este projeto teve início há dois anos, no seguimento de outro projeto promovido durante as semanas culturais – o SPA das Emoções, onde se pretende promover o desenvolvimento sócio-emocional, o conhecimento das emoções e como lidar com as mesmas. Assim, no âmbito do SPA das Emoções, entre várias atividades, há duas que deram origem a este projeto: o armário da coragem, para qual os alunos foram convidados a colocar os seus medos, de forma anónima, e a caixa do correio, onde deixavam os seus sonhos. No final da semana cultural, quando abrimos o armário da coragem e a caixa do correio, posso dizer que ficámos subjugadas ao impacto das mensagens.
CT – Quais eram os principais medos?
ML – Além dos medos “normais” dos mais pequenos, como medo do escuro, de animais, de monstros, os medos estavam muito relacionados com a pandemia, com o medo de morrer, de ser contaminado ou de contaminar os pais e avós, houve muitas referências à morte. Esta foi uma recolha de testemunhos, uma forma mais leve de dar voz aos alunos e na 4.ª semana cultural, que aconteceu este ano, voltámos a fazer o SPA das Emoções. Entretanto, partimos para outra fase que foi contatar figuras públicas locais e nacionais, como atores, cantores, para nos darem os seus testemunhos e, de momento, estamos na fase de edição do livro.
CT – Estes medos testemunhados pelos alunos poderão ser trabalhados na escola?
Florbela Gabriel (FG) – O nosso objetivo é orientar no âmbito universal, até porque individualmente não é possível porque os testemunhos eram anónimos. O que se pretende é que, de forma universal, se promovam ações onde os alunos, e não só, falem dos seus medos. A edição do livro permite validar e normalizar esses medos, permitindo olhar de forma menos negativa e mais equilibrada para os medos. Nos testemunhos, além dos medos já referidos, surgiram também medos relativamente ao relacionamento com os outros, medo de não corresponderem ao que outros pensam, medo de perderem amigos, de não serem aceites…A nível do pessoal docente e não-docente, os medos fixaram-se na eventualidade de não estarem presentes na vida dos filhos e os sonhos também se prenderam com os filhos, desejando que os mesmos sejam felizes. (…)
Ana Isabel Felício/Elsa Lourenço
Uma entrevista para ler na íntegra na edição impressa de 13 de maio.