Há menos de seis anos, chegou a Chão das Eiras, após forte investimento em compra de propriedades agrícolas, a jovem Laurene Guillot, nascida em Grenoble – França e que se apaixonou pela ribeira de Chão das Eiras, pela aldeia, pelo povo e pelos seus terrenos. Com ela trouxe um cavalo, uma égua, a sua cadela e muita determinação em investir na agricultura e viver a sua vida à sua maneira. Sua mãe, entretanto, investiu em Fungalvaz, hoje é agente imobiliária e este ano chegou a sua avó, ou seja, os novos povoadores das nossas aldeias, muitas abandonadas e que necessitam deste rejuvenescimento, de quem compre e depois manda fazer obras. Portugal um país, que saba receber, que agora sabe ser solidário com o povo ucraniano, só tem a ganhar com a comunidade estrangeira, e muito mais, com quem investe em casas a ruir, em montes de pedras, em terrenos abandonados e os vai transformando. Laurene isso faz, desde máquinas a remover a terra e pedra, a cerca de mais de 3 hectares em rede, das casinhas em madeira, ou seja, bungalows que mandou vir de França e onde vive, as energias alternativas, o seu furo de água e o moinho que pela força do vento, eleva a água para regar. Vive a vida à sua maneira, em comunhão com a natureza, e os cavalos e os seus animais são o seu mundo, a sua paixão.
Numa destas noites, ouviu um tiro e não ligou. Pensou ser alguma espera autorizada aos javalis, que destroem campos e culturas e já chegam à soleira da porta. De manhã levantou-se, vai onde tinha a égua ao Alqueidão e vê a sua égua prostrada, abatida ou atingida por algum chumbo sem rumo e ligou-me a chorar, como ligou com quem mantém laços de amizade, que foi conquistando. Participou à GNR de Tomar que refere, segundo me conta – que é um acidente.
Segundo Hélder Ramos, responsável pela caça associativa desta antiga freguesia de Alviobeira, tratou-se de um acidente de exercício legal de caça e o caçador nem sabia da existência de gado em cerca, provisória, ou em apascentamento e que tudo está a ser tratado pelas vias legais. Segundo a lei, pode-se fazer espera ao javali, até finais de maio, esperas autorizadas em noites de lua cheia, que era o caso. Tudo está a ser tratado pelas vias legais e de seguro de acidentes e é de lamentar que nestas esperas não haja um levantamento do gado ou cavalos em pasto, no campo, pois um caçador ao mais pequeno som ou mexida no mato, é levado a disparar, e sem querer matar o que não deve. As caçadas ao javali são necessárias pois sem elas devido à propagação da espécie, derretem tudo.
Vivemos num país com leis severas, regulamentos de uso de porte de arma e as esperas aos javalis têm o seu enquadramento legal, bem como o exercício venatório. Depois o porte de um cavalo não é o mesmo que o de um javali e a questão que se coloca é que segurança podemos ter, em trazer animais, nos nossos quintais ou propriedades? Por isso antes de fazer espera nas zonas, os caçadores devem ser prevenidos e os donos doas animais também, para os meterem em estábulo. Acidentes acontecem quando menos se espera, mas não se pode fazer esperas, como foi o caso, perto da estrada do Alqueidão (casa do Pardal), não habitada, mas cuja estrada faz parte dos Caminhos de Santiago onde passam de manhã bem cedo, ao longo do dia e à noite, peregrinos, pessoas em caminhadas e isso não pode acontecer mais. Quem tem a concessão da zona de caça, deve avisar quem vai para os locais exercer a caça e cumprir bem a lei, sob pena do povo da zona ter que pedir junto das autoridades nacionais reversão da zona de caça, pelo não cumprimento da lei. Foi um cavalo, podia ser uma pessoa, é um acidente, certo, não condenemos, mas lutemos pela segurança de pessoas e bens e que casos destes nunca mais aconteçam. O cavalo estava a apascentar em cerca de fio elétrico removível em propriedade privada, mas a quem foi há um ano ou dois, pedida a devida autorização.